O PIOR DOS TEMPOS

O pior dos tempos

Thomas Watson

Num ímpeto de indignação escondi de ti a minha face por um momento; mas com misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o Senhor, o teu Redentor.

ISAÍAS 54:8

A desolação é a mais triste condição que pode se abater sobre os filhos de Deus nesta vida. Do Céu, Deus agora faz chover inferno (usando uma expressão de Salviano [N.T.: Escritor cristão do século 5.]). “Porque as flechas do Todo Poderoso estão em mim cravadas, e o meu espírito sorve veneno delas” (JÓ 6:4).

Essa é a flecha envenenada que fere o coração. A desolação é uma amostra dos tormentos do condenado. Deus declara: “Num ímpeto de indignação escondi de ti a minha face por um momento” (IS 54:8). Posso usar aqui um sofisma de Bernard: “Senhor, chamas a Tua ira de ímpeto de indignação quando escondes o Teu rosto?”.

Deus é chamado nas Escrituras de luz e fogo; a alma desolada sente o fogo, mas não consegue ver a luz. No entanto, você, que foi adotado, pode significar amor em tudo isso. Dizem que a clava de Hércules era feita de madeira da oliveira; a oliveira é um emblema da paz. Da mesma forma, a vara de Deus, com a qual Ele disciplina a alma desolada, possui vestígios de oliveira. Há paz e misericórdia nela. […]

Em tempos de desolação, Deus deixa uma semente de consolação na alma. “Pois o que permanece nele é a divina semente” (1JO 3:9). Essa semente de Deus é uma semente de consolação. Embora os filhos desolados de Deus queiram o selo do Espírito, eles têm a unção do Espírito; embora queiram o Sol, eles têm a estrela-d’alva no coração. Assim como a árvore perde suas folhas e frutos no inverno, mas ainda há seiva na raiz, no inverno da desolação há a seiva da graça na raiz do coração. Outro exemplo é o Sol que, embora não envie luz à Terra quando se esconde atrás de uma nuvem, continua a exercer influência sobre ela.

O mesmo ocorre com os filhos amados e adotados por Deus; embora possam perder a luz de Seu rosto, continuam a receber a influência de Sua graça.

“No inverno da desolação há a seiva da graça na raiz do coração.”